sexta-feira, 29 de julho de 2011

Contos de Altamir #26

Ano dez – Grande Arena de Agni
Os portões da arena estavam abertos, mas a diferença de luz em relação à ante-sala impedia que eles pudessem ver alguma coisa no primeiro momento. Enric saiu e a multidão eufórica ovacionou, a arquibancada estava lotada. Logo atrás dele vieram Romeu Kurayuki e Lara Akuana seguidos não distante por Felipo Vuur. Levi ficou intrigado com a cena. Todos eles entravam ao mesmo tempo na arena, exceto um dos participantes da luta atual.

O Conselheiro estava sentado em um camarote eqüidistante às duas entradas, o mais confortável deles. Ao seu lado direito estava Akutenshi e quatro conselheiros, do sul e do norte, e a direita estavam os outros dois, da ilha central. Desde a divisão do território, essa foi a primeira ocasião em que os sete estavam presente.

Enric andou em passos largos até o meio da arena, quase arrastando o machado gigante que Lara havia lhe dado, e olhou para os Conselheiros. Os outros três que haviam entrado com ele na arena, ficaram perto da porta.

-Por um momento achei que todos resolveram lutar ao mesmo tempo! – disse Levi.

-Pra mim isso não seria um problema – respondeu Enric – mas já que temos que seguir suas regras...
Levi sorriu.

-Que comece então a segunda luta!
Enric olhou para o outro extremo na Arena. A porta se abriu lentamente e Agamenon Lumbre saiu. Trajando roupas simples de couro fervido e empunhando somente uma espada media de lamina clara, quase branca. O Alvo, como era chamado, tinha cabelo branco – desde a adolescência, quando foi iniciado em magia – liso e grosso, que chegava ao ombro, com uma expressão de seriedade e um rosto quadrado, ranzinza e com grandes jugulares.

-Acho que você deveria usar mais armaduras... – Enric sorriu enquanto esnobava a figura de seu adversário. Ele usava um manto preto e longo, como era de costume.
Pegou na parte inferior do manto e tirou-o pela cabeça num único gesto. Por baixo do manto usava apenas uma calça de linho e calçados de couro. Nada cobria o tronco, e no braço esquerdo, a antiga ferida era apenas um desenho. Um circulo místico com inscrições em malgo antigo (uma língua impronunciável para humanos), e um dragão vermelho no meio.

-Do que você está falando? Não está usando armadura nenhuma! – disse o outro.

-Não se engane, eu estou muito bem munido – sorriu para ele.
Agamenon correu em sua direção. Logo chegou e desferiu seus primeiros golpes. Com a espada tentou pelo flanco direito e pelo esquerdo, com golpes horizontais, sendo bloqueado pelo machado de Enric, empunhado na mão esquerda, ambas às vezes. Com um passo pra trás, Alvo tomou impulso para uma estocada, que foi defendida com a lateral do machado do outro. Enric não mostrava agilidade, nem muita técnica com a arma, mas os movimentos de seu corpo eram como os de um guerreiro experiente, que sugerem prever os golpes do adversário.

-Acho eu você deveria lutar de verdade. Desonra-me saber que não dará tudo de si nessa luta – disse Enric. O outro olhou intrigado – Conheço a técnica dos Lumbre, mas nunca lutei contra um realmente poderoso. Vamos... Dê tudo de si! – Agamenon sorriu.

-Se é o que você quer... – abaixou sua espada, deixando a lamina na horizontal na altura das coxas. Colocou a mão esquerda por cima da direita e em seguida, passou deslizando por toda extensão da lamina. Nesse movimento, a lamina foi ganhando luz própria. Ele afastou as pernas e girou a espada no ar fazendo um oito, e repetiu o movimento.
Com um movimento pra esquerda e depois um de salto pra direita, atacou a esquerda de Enric com um golpe diagonal. Dessa vez, mais rápido e forte. Enric conseguiu defender, mas logo depois um soco acertou-lhe o rosto. Com um passo para traz, retomou o equilíbrio, sacudiu a cabeça e sorriu. Retribuiu com um soco rápido, agora que a guarda do outro estava baixa, e em seguida um golpe extremamente forte com a lateral do machado, que o fez cair rolando a mais de dez metros de distância.

Metade da arquibancada levantou-se impressionada, a outra metade não teve reação. Levi, os outros conselheiros e o Akutenshi olhavam quase desdenhosos.

O Alvo levantou-se rapidamente, mas claramente afetado pelo golpe. Fez um movimento circular com a espada, e sibilou algumas palavras desconhecidas. Sua espada tornou-se um turbilhão de fogo, uma emanação luminosa de energia. Enric tomou uma postura séria, colocou o machado ao lado do corpo em postura de defesa, dobrou os joelho e redobrou a atenção.

Agamenon saltou de onde estava, com um som de águia. Num rasante chegou a Enric, golpeando-o pela esquerda. O outro defendeu com a lamina do machado. Essa é minha chance – pensou o Alvo.

Segurou a espada com as duas mãos e num movimento de rápido de rotação do corpo, atingiu o outro flanco de seu adversário.
Enric caiu dali a dois metros, de cara no chão. O golpe acertou as costas.

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