Kanade entrou na casa novamente sem me falar nada, mas em pouco tempo ela já estava de volta com o IPod seguro na mão direita, ela se sentou novamente ao meu lado e colocou um dos fones em meu ouvido e o outro fone no dela. Depois de alguns segundos uma música começou a tocar, era Alchemy das Girls Dead Monster. Nós a ouvimos até o final e aquelas sensações de antes voltaram com tudo, era inexplicável. Perguntava-me se ela sentia o mesmo quando a ouvia.
Isso me lembrou que eu havia preparado um presente para ela, não era bem um presente, talvez me ouvir cantar soasse mais como um presente de grego, mas tinha que aproveitar o pouco de coragem que me veio.
Tirei os fones dos nossos ouvidos, e aproximei meu rosto lentamente, ela não recuou apesar de perceber que o rosto de Kanade parecia estar queimando de tão vermelho que estava. Logo meus lábios tocaram um pedaço da orelha dela e o ar quente que saia da minha boca com certeza a agradava já que os pêlos do corpo dela estavam completamente arrepiados.
Aisaretai demo aisou to shinai
Sono kurikaeshi no naka wo samayotte
Boku ga mitsuketa kotae wa hitotsu kowakutatte kizutsuitatte
Suki na hito ni wa suki tte tsutaerunda
("Eu quero que você me ame,mas eu não acho que vá fazer isso"
E ando sem rumo enquanto repito isso pra mim
É a única resposta que tenho,mesmo se eu estiver assustado ou machucado
Vou dizer "Eu te Amo" pra quem eu amo)
Quando terminei de cantar ouvi alguns soluços, Tachibana estava chorando. Não sabia que eu cantava tão mal assim, não foi mesmo uma boa idéia usar minha voz para presentea-la.
- Sabe... Antes de você chegar eu recebi uma notícia dos meus pais. Era algo que eu esperava a muito tempo e eles resolveram me contar hoje como um presente. Mas agora me sinto estranha, não sei bem se quero mesmo esse tipo de coisa.
- E o que foi isso?
- Há muito tempo quis estudar na América e me formar por lá, minhas notas eram boas mas não o suficiente para uma bolsa. Esse é o meu último ano, minha última chance e finalmente meus pais receberam uma ligação e eu fui aceita, mas preciso ir para lá imediatamente, mas precisamente amanhã as 10 horas, meus pais fizeram questão que todos os meus amigos comparecessem a essa que se tornou uma festa de despedida.
A notícia soou como um soco na barriga para mim, e algo parecido com nostalgia invadiu meu corpo, como se já tivéssemos nos separado antes. Coisa que não havia como ter aconcido já que nos conheciamos a menos de 24 horas.
Eu queria gritar para ela ficar, implorar e espernear, mas de que isso adiantaria? Aquilo era o sonho dela e eu não tinha o direito de impedí-la, na verdade nem direito nem moral para isso, ela estava abandonando amigos e parentes, não seria um simples conhecido que conseguiria fazê-la desistir disso, e se a dúvida que ele sentia fôsse realmente por causa dele estaria no caminho dela, algo que não queria.
- Você deveria estar chorando de alegria, é seu sonho e finalmente vai realizá-lo - Forças para falar isso não sei de onde tirei e a força que me impedia de chorar já estava se esgotando, tinha que sair dali o quanto antes.
- Mas eu...
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