sábado, 9 de julho de 2011

Contos de Altamir #23

Ano dez – Floresta Amaldiçoada, ao sul de Agni
-Já era hora de você acordar.
Agora estavam na caverna que ele havia mostrado a ela.
-Por quando tempo eu dormi? – Lara estava sentada perto dele, no banco de pedra.
-Um dia e uma noite. Já está amanhecendo.
Ele sentou-se na cama de pedra. Estava com uma atadura em volta do tronco e outra na perna direita, no entanto, olhou primeiro para seu braço esquerdo. Ficou apertando o bíceps e girando o braço, como se procurasse algo.
Lara só observava. Ele sorria. Um sorriso insano, que lhe fez tremer. Por um instante não pareceu humano. Olhou pra ela enquanto se desfazia sua faceta. Ela ainda pôde ver duas linhas em sua testa, que pareciam estar formando algum desenho, se desmanchar.
-Sonhei que vi você lutando – fez uma pausa com um sorriso mais amigável no rosto e a cabeça inclinada pra direita – No sonho você tinha uma espada longa e esguia e com ela cortou um homem no meio – ela se levantou e pegou de cima da mesa sua espada embainhada. Puxou da bainha de madeira e lhe mostrou a escrita.
-Mizuken... Acho que a primeira palavra é Mizuken... – ele olhou sério – e é assim que será chamada, afinal, uma boa lamina merece ter um nome.
-Já vi essa inscrição em outra espada.
-Sabe o que quer dizer?
-Não... Tudo que eu conheço além do idioma comum é um pouco de Sumö, que aprendi com uma arquibruxa. E isso é muito diferente de Sumö – Levantou-se devagar e notou que estava só com suas roupas intimas. Olhou para a perna enfaixada, e começou a coçar por cima – Onde arranjou essa espada? Na ultima vez que a vi não portava armas.
-Alguém me deu – O manto de Enric estava em cima da mesa. Ela pegou e jogou para ele, junto com o restante de suas roupas. Ainda na mesa, por baixo do mando havia um machado – e isso é pra você.
-Então, anda roubando...
-Um homem morto não precisa de armas – ele sorriu e se sentou novamente.
-Você matou mesmo aqueles dois – ele parou um instante e começou a tirar a faixa da perna – eu realmente achava que você era uma garota mimada de castelo.
Não houve resposta para isso. Ela apenas deu as costas e começou a arrumar suas coisas, no cavalo.
-É melhor que você não tire isso – virou-se novamente para ele – Ainda não está... – parou. Enric já estava sem a atadura e não havia nenhum ferimento, nem cicatriz.
Ela não teve reação, e ele parecia habituado a isso. Começou a tirar a outra que estava em seu tronco e ela não prestava atenção em mais nada. Quando ele removeu completamente a atadura ela veio ver suas costas. Não havia nem sinal de ferimento, só uma fina camada da pasta de ervas que ela havia feito.
-Incrível – ela passou a mão em suas costas, removendo a pasta. Ele virou-se lentamente, e ficou de frente para ela. A mão dela agora estava no peito dele. Tocou rosto dela com a mão esquerda e a beijou.
Em poucos segundos ela se afastou, e deu as costas pra ele.
-Temos que ir embora – Pegou o restante de suas coisas e montou o cavalo.
Quando ele saiu, ela estava esperando lá fora, a poucos metros de distancia da porta da caverna. Desviou o olhar quando ele a olhou.
-Se achar melhor, podemos ir devagar – disse ela sem olhar – pra que seus ferimentos não abram novamente.
Ele montou e saiu na frente sem dizer uma palavra, e foi assim toda a viajem até Agni.
Ao chegarem a cidade, não havia ninguém esperando. Não houve festa nem aplausos. Passaram quase despercebidos, aos olhares dos moradores comuns. Apenas alguns acenos e sorrisos, dos conhecidos. A cidade parecia mais cheia do que antes da partida deles, e todos pareciam estar indo pra um mesmo lugar.
Os dois foram direto ao castelo, onde encontraram Levi na porta.
-Bem na hora! – disse ele. Estava bem vestido, e ornamentado como se estivesse indo a uma cerimonia. Havia também uma felicidade incontida estampada em seu rosto – quase começamos sem vocês - Os dois ficaram apenas olhando-o sem entender – Ah, já tinha me esquecido... estamos indo a Grande Arena de Agni. É onde acontecerá a terceira e ultima etapa.
-Mas, e os amuletos?
-Sim! Sim! Podem me entregar agora – ela tirou e do bolso dois amuletos, o primeiro, que era uma pedra preta e o vermelho, que encontrou com Enric.
Lara estendeu a mão para entrega-los juntamente com a espada. Ele pegou cada um dos amuletos em uma mão e deixou a espada com ela.
-Me encontrem na Arena, preciso guardar isso no seu devido lugar – Lara tentou pronunciar alguma coisa – É sua – disse ele antes – deu as costas e ao chegar perto da porta os dois já estavam se virando para ir – Enric! – se virou novamente – Isso é seu – jogou o amuleto pra ele – Eu sinto muito... E estou muito agradecido.

Um comentário:

  1. MAASSSSAAA MAAAASAA MAAASAAA

    ela naum eh mimada, eles têm os amuletos, rolou ateh um clima, e a espada ainda fikou pra ela. e esse amuleto q fikou com enric eh o q hein?!

    mz tah muittooo legal, esse e o anterior sõ meus preferidos ateh agora!

    parabéns!!

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