Quando cheguei a casa joguei as compras sobre o sofá e sentei no mesmo, levei minhas mãos a cabeça e passei alguns minutos encarando o teto tentando reorganizar as idéias. Em apenas uma manhã tantas coisas haviam acontecido, eu tentei beijar uma garota que nunca vi na vida, recebi uma voadora, tudo isso sumia da minha mente tão rápido quanto reaparecia. Mas o que mais me incomodava era aquela música que não parava de tocar em minha cabeça.
Depois de tomar um banho e trocar de roupa decidi pesquisar na internet sobre a música, conseguia me lembrar de um trecho dela, como era mesmo?
“Mugen ni ikitai Mugen ni ikiraretara Subete kanau”
Sim, era isso mesmo. Mas foi nesse momento que comecei a ficar ainda mais incomodado. Simplesmente não aparecia nada, exatamente nada que levasse a uma música, era como se ela não existisse, mas como então aquela garota a estava ouvindo? Ela existia sim e eu iria descobrir tudo sobre ela.
Desci as escadas correndo com meu peito queimando de ansiedade, geralmente nada me provocava essa sensação e agora não conseguia explicar o porquê disso, mas mesmo assim, me vesti novamente com as mesmas roupas, luvas e gorro e saí de casa. Se nem a internet foi capaz de me ajudar a desvendar esse mistério só me restava buscar na maior loja de CDs da cidade que ficava no centro. De metrô não demorei muito a chegar lá, já eram 15 horas e logo ela iria fechar então me apressei. Falei com todos os funcionários cantarolei aquele trecho da música e tentei até reproduzir a melodia sem muito sucesso. Por fim consegui falar até com o dono da loja, era um senhor que no começo dizia conhecer todas as músicas e bandas possíveis, mas quando lhe perguntei nem mesmo ele soube me responder ou mesmo reconhecer a música, foi nesse momento que ouvi uma voz estranha atrás de mim.
- Desista, ninguém conhece essa música, é perda de tempo. - Falou Kanade.
Imediatamente me virei para ver quem era, e quando a reconheci foi como se tivesse levado um forte soco no estômago, meu ar foi roubado e meu coração batia tão forte que imaginei se todos a minha volta também não o escutavam.
- V...você é a garota de hoje, mais cedo. - Gaguejei sem conseguir ainda compreender a situação, havíamos nos encontrado de novo e agora ela falava comigo mesmo depois de eu ter tentado agarrá-la sem nem mesmo saber seu nome.
- Sim, você sai por ai tentando beijar qualquer garota distraída que encontra na rua? Seus hábitos são estranhos. - Ela tentou demonstrar irritação em sua fala, mas claramente não era boa em atuar, na verdade ela parecia mesmo curiosa.
- Realmente não, me desculpe por aquilo e...
- Não se explique, também não acho que aja explicação para isso, só tente se controlar, por favor. - Ela me interrompeu com tanta rispidez que cheguei a me assustar, mas antes de concluir a frase o tom de voz dela foi diminuindo como se faltasse certeza ou confiança no que falava.
- Sim, irei me controlar. Mas sobre a música, você a conhece?
- Conheço, mas creio que não possa te ajudar tanto.
- Mas você estava ouvindo-a mais cedo, qual o nome, compositor? Preciso saber.
- E posso saber o motivo de toda essa curiosidade?
- Bem... Na verdade nem eu sei, essa música me traz uma enorme sensação de nostalgia. Você pode me ajudar?
- Está bem, vamos conversar em outro lugar e te direi o que sei sobre ela.
- Ok, vamos.
A música saiu um pouco dos meus pensamentos e o que mais me interessava no momento era aquela garota que caminhava ao meu lado a uma lanchonete em um prédio ao lado. Ela não falou mais nada desde que saímos da loja de CDs e isso já estava me deixando um pouco nervoso. Mordia meu lábio inferior tentando afastar a tensão através da dor o que não adiantava muito, foi então que me lembrei de algo importante.
- Hm... Qual o seu nome?
Quando a perguntei ela sorriu levando uma das mãos até o rosto.
- Achei que nunca fosse perguntar, você é realmente estranho. Chamo-me Tachibana Kanade, prazer em conhecê-lo... É...
- Ah, sim. Chamo-me Yuzuru Otonashi, prazer em conhecê-la.
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