Depois do pequeno diálogo chegamos à lanchonete, escolhemos alguma mesa vazia e nos sentamos à mesma. Olhamos no cardápio por alguns minutos, até optarmos os dois por uma simples xícara de café. A garota não me encarava, ficou olhando para o lado pela janela o tempo todo. De dentro era uma ótima paisagem, alguns casais passavam agarrados um no outro tentando afastar o frio, algumas crianças brincavam lançando bolas de neve uma na outra. Ela estava tão distraída que quando cutuquei a bochecha dela com um dedo indicador demorou alguns segundos para reagir e me olhar, claramente constrangida. O café havia chegado, mas nenhum de nós dois havia tocado neles, ao invés disso ela começou a mexer em sua bolsa, encarei-a até que de dentro da bolsa Kanade puxou um simples iPod e começou a falar enquanto desenrolava o fone de um jeito muito desastrado.
- Sabe, a música que está tão curioso por conhecer, o nome dela é Alchemy e o nome da banda que a interpreta é Girls Dead Monster.
- Mas como é possível? Eu não encontrei nenhuma informação sobre ela.
- Não me pergunte, essa é a única coisa que eu sei. Quando procurei nunca encontrei nenhuma pista de sua existência. Essa música apenas veio como uma faixa de demonstração é o que sei.
- Entendo. Então esse é um mistério sem solução para nós dois - ela assentiu com a cabeça.
Não pude negar minha frustração por não descobrir muito sobre aquela música, a sensação ao ouvi-la foi inexplicável, nostalgia, alegria e o mais importante: a atração. Era isso, a inegável atração que sentia pela garota a minha frente embalado pela música. Eu não me interessava por alguém assim desde o primário, e isso era ridículo era apenas a segunda vez que a via.
Levantei-me e em passos curtos me aproximei sentando ao seu lado, ela me encarou com um tom espantado em seu rosto e imediatamente levou a mão esquerda a ele cobrindo sua boca o que me fez checar se estava cheirando mal, ela se explicou.
- Sabe... Só por precaução, a primeira vez que chegou perto assim quase... - Enquanto ela falava seu rosto todo ficava avermelhado e ela voltava a olhar para janela ao lado antes mesmo de concluir seu pensamento.
-Oh... Sim, não era essa minha intenção desta vez, era só...
- Preciso ir, está ficando tarde meus pais estão me esperando para ajudar no preparo das comidas para a ceia de natal – Kanade me interrompeu e se levantou rapidamente.
- Tudo bem.
Acompanhei-a até a saída após pagar os cafés e já do lado de fora ficamos nos encarando por alguns minutos, não sabia o que falar e ela parecia saber menos ainda.
- Bem... Queria me desculpar por minha amiga hoje mais cedo, aquilo deve ter machucado.
- Sim machucou mesmo, na verdade até agora dói. Mas não se desculpe já que eu mereci aquilo - Dei um sorriso meio sem graça levando uma das minhas mãos a minha própria nuca.
Ela voltou a remexer em sua bolsa enquanto seus cabelos escorriam sobre seu rosto, seu tronco se inclinou um pouco para frente deixando por pouco tempo uma brecha entre seu corpo e casaco o que me deu a visão clara de uma parte da alça do sutiã dela, era rosa. Esgueirei-me um pouco para frente e percebi que o casaco escondia um volume nada mal por baixo de sua lingerie, achei mesmo que ela tinha menos de 14 anos? Mas, o que eu estava fazendo? Uma voadora novamente em minha cabeça seria algo totalmente merecido agora. A garota levantou o rosto e me encarou com a cabeça inclinada para o lado como um cachorro que não entende a ordem de seu dono.
- Hm...?
- Nada, não é nada - Me afastei bruscamente.
Tachibana finalmente puxou uma pequena agenda rosa bem simples da bolsa junto a uma caneta e começou a escrever alguma coisa. Após terminar destacou a folha e me entregou. Era um endereço.
- O q...?
- Minha casa. Não sei se tem algo melhor para fazer hoje, mas gostaria muito que passasse o natal comigo. Quero dizer, com minha família e amigos.
Pensei apenas por dez segundos. Sozinho em casa bebendo e comendo porcarias nada comparáveis a qualquer coisa que as famílias comem no natal.
- Eu irei.
- Fico feliz, estarei esperando.
E assim ambos tomamos o nosso caminho para casa. Estava animado, a quanto tempo não esperava tão ansiosamente pela noite de natal, pude perceber como eram bonitas as luzes piscando como de costume no natal, as pessoas sorriam á minha volta se preparavam e finalmente depois de tanto tempo eu também tinha meu motivo para sorrir nessa data.
Nenhum comentário:
Postar um comentário