sábado, 20 de novembro de 2010

Contos de Altamir #11

Ano dez - Cidade de Agni

-Não acredite em tudo o que dizem seu velho! Está sendo muito ingênuo.

Ao dizer isso Enric baixou seu capuz. Seu sorriso insolente era uma ofensa para Levi.

-Inscreva-se e saia daqui imediatamente! – o Conselheiro parecia incomodado com a presença dele, talvez pelos olhos, aqueles eram únicos, mesmo não sendo perfeitos, eles causavam-lhe medo. Os olhos de Enric eram de um vermelho incandescente, penetrantes como uma espada e singularmente ameaçadores.

-É o que farei.

Após se inscrever com o conselheiro à direita, Enric se abaixou até próximo do rosto de Levi, encarando...

Ainda Brilham como naquela noite, esses são mesmo os olhos de Enric – seria o que Levi diria, no entanto de seus lábios não saiu nenhum som, o velho estava intimidado por aquele homem que apenas ele dos três conhecia.

-Ainda é o mesmo velho medroso... - virou-se e foi embora.

-Quem era esse?! – perguntou o Conselheiro que o inscreveu inquietando-se.

-Alguém que eu não deveria temer – Levi abaixou a cabeça como se estivesse decepcionado consigo mesmo. Aquela era uma situação atípica, o líder dos Conselheiros de Kamael foi subjugado pelo filho de um bêbado.

-O garoto que se perdeu, e foi cuidado pelos dragões – num tom bem suave as palavras saíram de sua boca, como se entoasse um canto.

-Então é ele? Ele existe mesmo?! Eu achava que esse era um dos cantos que não passavam de lendas... – o conselheiro que o inscreveu enchia Levi de perguntas enquanto ele juntava os papeis e formulários de inscrição.

-Você está certo, provavelmente não passa de uma lenda – levantou-se levando os outros consigo. O fato de Enric ter sobrevivido por dois meses na floresta quando se perdeu dos pais já valeria um conto a se cantar nas festas, no entanto, ele dizia que um dragão cuidou dele, o que tornava a história muito mais interessante, e mesmo que quase ninguém acreditasse na versão do garoto, na primeira festa que tiveram oportunidade os Scarlet cantaram sua história. O líder dos conselheiros foi um dos poucos que acreditou que aquele garoto sobreviveu a tanto com auxílio de um dragão, ele era apenas um garoto, não tinha porque inventar uma história tão mirabolante.

Assim que anoiteceu em Agni os festejos começaram. De certa forma isso poderia atrapalhar os preparativos para a competição que iniciaria no dia seguinte, no entanto a grande maioria não pareciam se importar com isso.

Passada a noite festiva, os Conselheiros se puseram apostos no lugar de costume. Os competidores demoraram a chegar, a primeira foi Lara Akuana. O líder dos conselheiros a cumprimentou com um sorriso amistoso. Após duas ou três horas de espera, todos estavam lá, eram vinte e dois homens e uma mulher. Pareciam confiantes e ansiosos, com exceção de um deles, de capuz escuro, que escondia o rosto a maior parte do tempo. Parecia aflito, mas não chamava atenção para si, poucos perceberam sua agonia.

A primeira etapa da competição pelo trono parecia simples, provavelmente esse era o motivo de toda a confiança. As regras diziam que todos seriam testados individualmente pelos conselheiros nos quesitos: magia, capacidades físicas e inteligência (ou sabedoria como preferiam dizer os Varunianos). E dessa etapa, se classificariam apenas dez, dos quais, cinco de cada cidade. Tendo sido escolhidos, o melhor classificado de uma cidade formaria dupla com o pior classificado da outra, formando cinco duplas para a próxima etapa. Essa foi a maneira mais eficiente que os Conselheiros encontraram para equilibrar a segunda etapa da disputa.

domingo, 31 de outubro de 2010

Contos de Altamir #10

Ano dez - Cidade de Agni

Ao chegar perto do primeiro degrau da escadaria em frente ao castelo de Altamir, o primeiro Conselheiro parou, trazia consigo um grande pergaminho, com letras acavalares, cuidadosamente gravadas. À chegada do terceiro se pronunciaram. Como sempre, o mais sábio entre eles, que era também o mais velho, foi quem falou.

-Então... Desculpem fazê-los esperar tanto, a partir de hoje começaremos uma grande disputa...

Talvez por ser um dos últimos vivos do Clã de Kamael e Altamir, aquele sábio era bastante respeitado em todas as três ilhas. Ao falar a primeira frase o silencio foi absoluto, apenas se escutavam as respirações tensas e ofegantes dos que estavam dançando e cantando agora a pouco.

Aquele era Levi Gilgamesh:

-Vamos dividi-la em três fases, todas serão eliminatórias, os participantes poderão se inscrever até o por do sol de amanhã, todos os homens que fizerem parte de um clã e que quiserem participar devem se apresentar na manhã do dia seguinte, ao raiar do sol, quando começará as disputas. Para que não haja dúvidas sobre as fases durante essa noite pregaremos cartazes como este que tenho na mão, eles descrevem como serão as três fazes da Disputa pelo Trono - o Conselheiro ao seu lado trazia debaixo de seus braços uma pilha de cartazes como aquele, em pergaminhos novos e enrolados.

Ao fim do pronunciamento o Conselheiro permaneceu ali, com um olhar perdido por um ou dois minutos antes de fazer menção de se virar pra retornar ao castelo, enquanto os sussurros começaram e aumentavam gradativamente.

-Levi! – Uma voz feminina vinda da multidão se fez ouvir quando o Conselheiro já estava a virar as costas pra multidão

-Sim... - Ele se virou para ela imediatamente.

-E as mulheres senhor?! -Prossiga...

-As mulheres poderão participar?

Levi, notando a coragem e vigor daquela jovem ficou perplexo. A multidão se calava novamente. Eis a primeira aparição Lara, o orgulho dos Akuana.

O velho sorriu discretamente, o que causou uma grande agitação e risos na multidão. Virou-se aos outros sábios e comentou algo inaudível antes de falar novamente ao público.

-Alguma mulher aqui presente deseja participar de uma competição da qual não conhece as regras?! Uma competição pelo trono! Uma competição que pode custar sua própria vida... – suspirou profundamente e voltou seus olhos a garota novamente.

O silencio novamente foi absoluto.

-Então minha jovem... Se desejar participar, te darei o privilégio de ser a primeira a se inscrever – aquele sorriso intimidador estampado no rosto do Conselheiro certamente faria qualquer um desistir, no entanto:

-Então que seja feito- Disse ela.

Aquele olhar antes ofensivo, agora parecia orgulhoso, ou talvez aliviado, não se sabe ao certo.

Ao nascer do sol no dia seguinte, estavam à porta do castelo os três Conselheiros, esperando os futuros competidores, sentados frente uma mesa de madeira sem forro. A primeira a se apresentar foi Lara.

-Você não precisava vir - disse um dos conselheiros - já está inscrita há muito tempo.

A jovem se impressionou, não entendia o que estava acontecendo, ela era a primeira, não havia como alguém tê-la inscrito, mas havia algo dentro dela que a tranqüilizava, como se tudo estivesse transcorrendo na mais plena ordem.

-Vá, e descanse o dia todo, disse Levi.

Alguns dos que foram se inscrever tiveram a mesma surpresa, entre eles Tirith e Agamenon Lumbre e Felipo Vuur, de Agni, Romeu Kurayuki, Dante e Baros Vannsart de Varuna. Certamente, ao fim do dia, acreditavam ter sido pré-selecionados pelos conselheiros.

Nos últimos raios do sol já não havia quase ninguém a frente do castelo, exceto os Conselheiros e alguns que só passavam por ali, nesse momento, um homem encapuzado se dirigiu a mesa, Levi que estava de cabeça baixa, não percebeu sua aproximação.

-Pode-me dizer sua linhagem? – disse o Conselheiro a direita

-Scarlet – respondeu-lhe prontamente

- Enric... Disseram-me que não viria... – Levi fitou-lhe logo que reconheceu sua voz, o desprezo em sua resposta era claro - Será o primeiro e único dos Scarlet a participar.

Sobre Contos de Altamir (extra)

Como esse é o décimo capitulo achei que deveria fazer alguma coisa "diferente" nadademais.

Como o capitulo dez vai estar logo acima, e já apareceram alguns personagens chave, achei que seria legal se eu comentasse um pouco sobre eles. Não vou comentar sobre todos os personagens, só alguns dos que terão relevante importância nessa parte da história.


Akutenshi Vindlys – quase sempre discreto e cauteloso, um poderoso mestre de batalhas, que às vezes desaparecia repentinamente da cidade e voltava com uma cicatriz e uma nova história mirabolante sobre gigantes de três cabeças, dragões ou monstros aquáticos (certa vez ele juntou as três numa só!), muitas delas eram reais, no entanto ele sempre teve dificuldade em prová-las.

Enric Scarlet – Filho de um beberrão, sua mãe era dona herdeira de uma taverna, tinha tudo para seguir o mesmo caminho, o da bebida, só que numa noite quando ele tinha cerca de 15 anos, ao sair pra caçar com seu clã, se perdeu na floresta e ficou desaparecido por dois meses. Como milagre retornou á cidade, com uma orelha deformada, e meio cego do olho esquerdo. Esse trauma mudou a vida do garoto, transformando-o num grande guerreiro.

Lara Akuana – uma jovem órfã criada pelos tios. Tinha disposição de sobra, um dom incrível de cura e pouca habilidade com magia. Ela não aceitava ser apenas o “suporte, então se obrigou a desenvolver ao máximo sua habilidade com armas. Nunca se dava por vencida, era considerado o orgulho dos Akuana pela geração dela, mas era sempre menosprezada pelos mais velhos, por estar indo contra o costume de seu clã.

Levi Gilgamesh – de aspecto ranzinza, não parecia se importar com as opiniões dos outros, no entanto, era um velho de bom coração que preferia ouvir ao falar. Era realmente o mais sábio entre os conselheiros, o mais poderoso também, um dos poucos que sabia utilizar magia, mas provavelmente não era isso que o designava líder, seu sangue nobre da família Gilgamesh era visto como sua principal qualidade, naquela época em que se dava mais importância a linhagem do que aos feitos.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Contos de Altamir #9

Ano dez - Cidade de Agni

Um mês se passou rapidamente desde o anuncio na festa, as expectativas quanto à competição extasiavam de ansiedade toda a região. Era noite de lua cheia, a primeira do ciclo, no dia seguinte começaria as disputas pela coroa. A festa acontecia mais amena, se comparada as de costume, o clima era um pouco tenso e o povo de Varuna estava em quantidade maior que a de costume, afinal, muitas famílias nobres estavam presentes ali.

Enquanto as horas se passavam a festa foi perdendo o ar de tensão, que dava lugar às comemorações. Então, ao soar a meia noite no relógio que adornava a torre principal do castelo de Kamael, os Conselheiros saíram pela porta principal, um de cada vez, e cada um trazia algo na mão.

domingo, 26 de setembro de 2010

Contos de Altamir #8

Ano Dez - Cidade de Agni
No inicio do décimo ano da era Kamael apenas a ilha central não tinha rei, os dois tronos estavam vazios, fato que incomodava a população, em especial aos nobres. Certamente, alguns clãs planejavam reivindicar a coroa para si e os sábios conselheiros sabiam disso. Sabiam que a situação era instável e que a qualquer momento poderia se desencadear uma guerra pelo trono.

Como era de costume, em Agni, na primeira lua cheia do ano, havia uma festa em homenagem a Altamir Gilgamesh, os festejos aconteciam à noite na praça principal da cidade, que ficava em frente ao castelo de Kamael e duravam pouco menos de uma semana. Muitas pessoas de Varuna vinham participar. Era considerada por todos daquela ilha a festa mais esperada do ano, havia bebida e comida farta, muita música, cantoria e dança. Muitos contos antigos eram relembrados naquelas festas, em forma de músicas. Histórias antigas sobre famílias guerreiras que juntas combatiam invasores ou de heróis que derrotavam monstros eram contadas através das vozes em coro, era uma forma de relembrar os grandes feitos dos antepassados guerreiros. Contos em Cantos, como chamavam. Havia muitos Cantos sobre os feitos de Altamir, esses eram os mais ouvidos durante toda a festa.

No terceiro dia, os três sábios responsáveis pela ilha central se pronunciaram antes do inicio da festa. O principal entre eles foi quem falou, foi breve, direto e ao mesmo tempo inconclusivo.
-Ao inicio da próxima lua cheia haverá uma nova festa, e terá inicio uma competição, onde dos participantes será escolhido o rei da cidade Varuna e o de Agni. Todos os que são de família nobre poderão participar, e terão que se apresentar aqui, na frente do castelo de Kamael ao amanhecer após a primeira lua cheia.
Como todos já sabiam, haveria dois reis na ilha central, um em cada cidade principal, e ambos seriam escolhidos pelos conselheiros. Diferente das outras cidades, nessas duas o trono seria disputado, isso gerou inúmeros comentários dos ali presentes. De fato, esse foi o assunto mais comentado dos dias que se seguiram, tanto a noite na festa, quando de dia, na ressaca.

Após os dias de festa os moradores de Varuna voltaram às suas casas levando essa noticia a sua cidade. Em pouco tempo todos em ambas as cidades sabiam da decisão dos conselheiros.

A notícia de que os clãs teriam que competir pelo trono pareceu animadora aos nobres de Agni, o palpite da maioria fazia menção a uma competição armada, de luta, ou de magia, afinal, aquele era um povo guerreiro, nascido para batalha, com corações repletos de fogo, que era o principal símbolo dos clãs da cidade. Por outro lado, em Varuna, achava-se que seria uma competição intelectual, onde o mais sábio seria conhecido, certamente os Clãs da cidade estariam preparados para uma situação onde seus intelectos fossem colocados a prova, assim como os de Agni estavam preparados para uma batalha armada. No entanto, é incorreto afirmar que os nobres em Agni eram ignorantes e grotescos, havia muitos sábios entre eles, assim como também não havia apenas magricelas indefesos nos castelos de Varuna, na verdade, a maioria dos nobres dessa cidade eram assaz habilidosos em batalha, especialmente em magia.

A ansiedade aumentava pelas ruas de ambas as cidades, os preparativos começavam, alguns treinavam, outros estudavam e assim, acreditavam estar se preparando para ser o próximo rei.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Contos de Altamir #7

Ano oito - Cidade de Vayu
Ela não parecia fazer parte de alguma família nobre, estava mal vestida e suja, porém, apesar de ser uma criança simples da população, seu andar era suave como o de um Vindlys, e a atenção que Akutenshi dava a ela era incomum. A garota não estava sorrindo, mas sua face transparecia alegria.

Akutenshi falava algo a ela em voz baixa, nem Gildor podia escutar, daí a alguns passos ele olhou fixamente a porta de uma casa a esquerda da rua, ao lado que a garota seguia. Era uma casa humilde, e tinha um pequeno cercado na frente onde criavam galinhas, o portão da casa também era simples, de madeira. Dali saiu depressa uma mulher de cabelos castanhos, que ao passar rapidamente pelo portão disse em voz alta o que ao mesmo tempo Akutenshi disse num tom brando:
-Alicia! – Antão ao ver que sua filha estava acompanhada do rei de Vayu, ela parou e se inclinou reverenciando-o.
-Perdão meu senhor, ela não costuma incomodar ninguém assim, prometo lhe não lhe atormentará mais...
-De forma alguma – respondeu prontamente – Há algum tempo que procuro por essa garota, logo explicarei o porquê à senhora. Ainda hoje, traga sua família para um banquete no meu castelo, e se for possível, quero que venham morar conosco, junto com os Vindlys, sua filha será de grande importância para Vayu, acredito que ela também já sabe disso, então, eu preciso começar a ensiná-la quanto antes.
-Mas... Senhor... Nós não temos sangue nobre... Como poderíamos viver entre um clã tão poderoso?! – Ela contestava ainda relutante e desentendida do que acontecia ali.
-Tudo que precisa saber é que a partir de hoje serão chamados Vindlys, você e os que morarem em sua casa.
-Se essa e a sua vontade, que seja feita – e abaixou a cabeça respeitosamente.
-Ao anoitecer estarei esperando na porta do castelo – e com um último sorriso virou-se e se despediu

Alicia tinha uma irmã com pouco mais de dois anos, seu pai havia morrido há menos de uma semana, era um simples mercador, as três passariam sérias dificuldades depois da morte do pai, a mudança para o castelo lhes parecia providencial.
Naquela noite foi celebrada uma grande festa para Alicia, um banquete onde todos os Vindlys presentes na cidade fizeram questão de aparecer, a mãe não parecia entender o motivo no inicio, só depois percebeu, sua filha era realmente especial para eles.

domingo, 5 de setembro de 2010

Contos de Altamir #6

Ano oito - Cidade de Vayu e arredores
-Corram seus tolos, salvem suas vidas...
Foram as ultimas palavras que ele pronunciou, Anolian Ono caiu. Os dois seguidores dele não podiam se mover, o medo travava suas pernas.

Akutenshi ainda segurava a mão direita de Anolian enquanto ele já estava no chão, seu semblante transparecia lamento. Houve silencio durante alguns segundos, logo depois o rei olhou para os que ainda estavam ali, e soltando a mão do falecido disse:
-Que fim lamentável ele teve, poderia ter sido muito útil a Vayu – nesse momento ele já não parecia tão triste, seu olhar plácido estava de volta.
-Vão! Não vejo más intenções em vocês. E avisem aos Ono sobre o fim que leva aqueles que me desafiam.
Virando-se ao seu caminho disse:
-Levem este corpo daqui e o queimem dignamente, morreu aqui um grande guerreiro – era costume naquela época queimar os corpos dos mortos como uma ultima homenagem a vida que tiveram.

Akutenshi saiu andando, primeiro lentamente, mas logo correu para alcançar seu discípulo. Ele quase foi atingido naquela luta, aquele realmente era um ótimo guerreiro, o melhor dos Ono, este foi o homem que chegou mais perto de matá-lo até o presente momento. Anolian sabia que Akutenshi não tinha intenção de matá-lo, mesmo sabendo que três dos seus seguidores haviam morrido. Em seu ultimo golpe Anolian só deixou duas alternativas para o rei, um deles iria morrer, a curva de trajeto do desferido impedia que Akutenshi se desviasse sem sofrer danos, afinal, ele estava sendo segurado. Então, a única alternativa de Akutenshi foi mudar a direção da espada, de seu próprio peito, para o peito do seu adversário. E ele o fez apenas com sua mão esquerda, aquela arma banhada em veneno penetrou dilacerando a carne de Anolian, a morte era certa, e mesmo que não o houvesse acertado tão profundamente a toxina contida naquela lamina o mataria em poucas horas. Anolian morreu pela sua própria arma, isso certamente não iria atenuar a oposição dos outros clãs, porém, o fato dele ter poupado duas vidas de rebeldes mostrava que ele era um rei piedoso.

-Como esperado do rei de Vayu – disse Gildor ao perceber que seu rei se aproximava.
Já estava agora quase dentro da cidade, no início do vale, num lugar onde já havia moradores. O rei e seu pupilo já se sentiam em casa, o aroma aconchegante do lar pairava e o alívio por saber que seu mestre havia sobrevivido àquela emboscada fez Gildor sorrir por um instante.
-Todos eles morreram senhor? – disse Gildor com uma certa empolgação.
-Dois deles foram poupados – disse Akutenshi, e prosseguiu - Não é conveniente comemorar mortes, não estamos em guerra, e mortes são sempre tristes – e fez uma breve pausa suspirando e declinando sua cabeça – mesmo numa guerra.
-No entanto, nem todos os males são lastimáveis – Disse ele erguendo novamente seu rosto.
-Eu gostaria de ter o visto derrotando aqueles atrevidos com suas habilidades.
-Não cheguei a usar magia na luta, se é isso que queria ver... – e sorriu.
Continuaram conversando e caminhando lado a lado até entrar pelos portões da cidade, dali seguia uma rua larga onde até cinco homens poderiam passar ao mesmo tempo e as pessoas cumprimentavam seu rei ao vê-lo. As crianças interrompiam o que estavam fazendo para admirá-lo mais de perto e acenar se ele olhasse.
Sem motivo aparente, uma garota que aparentava cerca de dez anos, de cabelos castanhos e olhos languidos que brincava a beira da estrada com uma boneca, se levantou, fixou os olhos no rei, e tendo seu olhar retribuído, deixou seu brinquedo no chão e foi ao encontro dele. Não era igual às outras crianças que apenas viam um poderoso rei passar por sua rua e acenavam com admiração e respeito, apesar de ser pequena e de aparência frágil, não parecia temer o poder de Akutenshi. Ela não tirava os olhos do rei, e seu sorriso acanhado e infantil se aproximava dele. Ao alcançá-lo, ficou ao seu lado esquerdo e seguiu seu ritmo sem dizer nada.
Akutenshi pôs a mão em sua cabeça acariciando-lhe o cabelo como se faz a um filho:
-Você me encontrou – Disse-lhe sorrindo – Não achei que seria tão cedo.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Contos de Altamir #5

Ano oito - Arredores da Cidade de Vayu
-Que audácia! Como ousa?! – gritou Anolian. Agora Akutenshi está só, contra cinco, seria uma situação injusta para qualquer um, até mesmo para um rei tão poderoso, ele poderia ter corrido com Gildor, mas certamente os Ono tinham armas de disparo.

Tomado pela raiva Anolian sacou sua espada, era uma espada comum de seu clã, curta, estreita, ondulada e certamente estava envenenada, era quase uma adaga assassina, um pequeno arranhão poderia causar a morte e um golpe certeiro certamente mataria seu alvo.

Akutenshi se manteve sóbrio e calado, aquilo era como um insulto para Anolian. Foi quando ele, tomado pela fúria, se projetou na direção do rei e, numa velocidade incrível, o atacou. Num salto ele percorreu a distancia que os separava, sua espada partia do alto, de cima da sua cabeça, ele tentaria acabar Akutenshi num único golpe. O rei não parecia preocupado com aquele golpe, esteve parado até o ultimo segundo. Quando Anolian acreditava que acertaria a cabeça de Akutenshi ele desapareceu diante de seus olhos. Ao cair em pé, notou que ele estava atrás de si:
-M... Mas... Como?!
-Se tentar isso novamente, você não tocará mais o chão com vida.
Nem Anolian nem os que estavam com ele podiam acreditar na sua velocidade, eles não podiam acompanhá-lo nem com os olhos. Anolian virou-se golpeando horizontalmente com seu braço direito, o que empunhava a espada, fazendo uma rotação pra esquerda. Talvez um golpe menos previsível pudesse acertá-lo. E o mesmo aconteceu, ele simplesmente desapareceu no ultimo instante, e agora estava em sua frente, há três passos de distancia. O rei não parecia estar se movendo, era como se teletransportasse de um lugar para o outro, o único indício que ele estava se movendo era o seu cabelo, que insistentemente demorava a retornar ao lugar. Os que acompanhavam Anolian estavam sem reação, certamente tinham medo, com aquela velocidade ele poderia matá-los a qualquer momento.
-Seu insolente! – Gritou Anolian. E assim, com os olhos fixos em Akutenshi segurou sua pequena espada com as duas mãos e a tentou encravar em seu peito. A distancia foi percorrida por ele em apenas dois passos e sua espada o acertaria, porém, assim como os outros dois golpes, Akutenshi apenas esquivou no ultimo instante. Ao aparecer aos seus olhos novamente o rei estava bem perto, ao seu lado, dizendo:
-Não vê que não tem como vencer? Essa é uma luta que já acabou, e você já é um homem morto.
Foi então que três dos homens de Anolian caíram no chão:
-Sim, eles estão mortos... Em cada golpe seu eu matei um deles...
Nenhum deles sangrava, mas a segurança da voz de Akutenshi lhe dava certeza, eles estavam realmente mortos:
-Então isso acaba aqui!E agora! – disse Anolian. Akutenshi estava bem ao seu lado, era o mais próximo que ele tinha chegado até agora. E soltando a mão esquerda da espada que ainda mirava pra frente, Anolian pôs a mão pelas costas do rei, e direcionando sua espada ao peito desferiu seu ultimo golpe.

Os outros dois seguidores de Anolian ainda vivos puderam ver o sangue que esguichava. Entre eles certamente alguém havia morrido, mas como os dois se posicionavam atrás de Akutenshi, não podiam ver de quem era o sangue. Só podiam então, esperar pra ver qual deles cairia.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Contos de Altamir #4

Ano Sete - Cidade de Vayu
Enquanto em Agni e Varuna ainda não tinham sido nomeados os reis, Sundra se isolava com sua pequena população e seu rei misterioso. Após as migrações a ilha do sul, que é a menor, tornou-se também a menos populosa, apenas um clã restou.

Durante o sétimo ano, Em Vayu, teve inicio uma votação, onde os principais Clãs decidiram quem deveria ser o rei. As famílias nobres de Vayu eram conhecidas principalmente pelo seu bom senso e organização. Era onde havia mais Clãs, apesar de sua população ser menor do que as cidades da ilha central. Eram sete os principais Clãs de Vayu, eles cooperavam entre si, quase todos pacíficos, mas existiam exceções.

Ano oito
- Arredores da Cidade de Vayu
Ao fim das votações Akutenshi Vindlys foi escolhido para ser o novo rei, cinco dos sete Clãs haviam indicado Akutenshi. Os outros dois votaram em Anolian Ono. Os Ono eram um Clã de antigos mercenários e matadores de aluguel de habilidade semelhante a dos Vindlys. Nas épocas de guerra que antecederam Altamir, os Ono eram um dos clãs mais temidos e odiados, eram considerados o lado obscuro de Vayu. Os Vyndlys por sua vez eram os mais nobres e afáveis moradores da cidade, talvez de todo o país, o que era salientado por sua habilidade, seus movimentos eram graciosos e a presença de um deles só era notada segundo sua vontade.

A coroação de Akutenshi seria uma vitoria do bem contra o mal, se fossem essas as opções, mas havia ainda aqueles que discordavam do novo rei. Assim um dos dois clãs que haviam votado contra a coroação de Akutenshi resolveu tomar para si o trono.

Pouco depois do meio do ano, uns três meses após a coroação de Akutenshi (que, diga-se de passagem, foi muito festejada tanto em Agni quanto em Vayu), as plantações que cercavam a cidade estavam bronzeadas, época de colheita do trigo. O novo rei se dirigia a sua morada após um longo dia de pesca, uma de suas atividades favoritas. Era quase fim de tarde e a brisa suave acariciava as gramíneas ali plantadas meses antes. Akutenshi se deixava conduzir pelo seu fiel cavalo branco que já conhecia o caminho de casa e era acompanhado pelo seu pupilo Gildor que vinha a pé (era costume em Altamir que os mais novos acompanhassem os mais velhos aprendendo), já era possível ver a entrada da cidade após a colina quando o rei parou:
- Garoto – disse ele se erguendo em cima do cavalo – parece que temos visitas indesejáveis hoje.
E descendo de sua montaria olhava ao redor. Gildor não entendia sua fala, e seu comportamento repentino.
- Vamos! Não tenho todo tempo do mundo! – Akutenshi olhava para a plantação ao dizer isso, e a firmeza se suas palavras fez aparecer dali cinco homens.
-Quem são eles? Disse Gildor surpreso e impressionado com a capacidade de percepção do rei.
-Eles são Ono, e não parece que vieram com boas intenções.
-Certamente meu rei – Disse um deles ironizando.
-Por que os Ono zombam do rei? – disse Akutenshi antes de ser interrompido.
-Você não é digno dessa coroa! – o mesmo que havia falado antes, agora denotava seu furor – viemos fazê-lo renunciar, e se isso não acontecer vamos matá-lo.
-Era desse insulto que eu falava, acredita mesmo que vocês podem me matar?! – e virando-se a este mais exaltado o rei prosseguiu – Então você é Anolian Ono? Acredito que não haverá como sair daqui sem lutar, então lhe aviso que trouxe seus amigos para a morte.
Os outros o olharam espantados:
-Gildor, suba – e apontou as rédeas de seu cavalo – Eu lhe alcanço antes do portão da cidade – Gildor subiu prontamente, Akutenshi mostrava segurança em todos seus movimentos, o garoto sabia que ele estava em desvantagem numérica, porém, depositava toda sua confiança em seu mestre nesse momento

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contos de Altamir #3

Segundo ano da era Kamael
Após a divisão do território de Altamir, a população supunha que as ilhas se tornariam independentes e com o tempo se desligariam totalmente, afinal, os Conselheiros seriam o único elo entre essas porções de terra. A partir desse pensamento, todos começaram a migrar entre as ilhas como nunca havia acontecido. Como imaginavam que as famílias nobres de cada ilha ficariam com a coroa, a população resolveu ir morar onde acreditava que se agradariam do rei futuramente coroado. A maioria se dirigia as cidades de Agni e Varuna.

As famílias nobres eram também chamadas de Clãs. Na era anterior a do reinado de Altamir a nação esteve sempre nas mãos da família mais poderosa, nessa época de guerra, os Clãs estavam em disputa pelo trono, eram guerras intermináveis. Os clãs se caracterizavam pelo seu poder, sendo mágico ou não, alguns eram especialistas em armas, outros em estratégias de batalha e outros em magia. A maioria dos Clãs, e os mais poderosos usavam magia elementar, cada um em seu seguimento. Outras habilidades também caracterizavam um Clã, e a mais rara delas era conhecida como Habilidade Milenar. Não era o tipo magia que se aprendia com treinamento, eram habilidades que simplesmente nasciam com a pessoa, e poderiam ser desenvolvidas ou não. Dizia-se também que elas podiam ser transmitidas aos filhos de alguma forma.

Porém, poucos Clãs restavam na era Kamael, muitos misturaram sua linhagem sanguínea com a população comum, outros caíram no esquecimento, alguns dos mais poderosos já nem existiam, como os Aidlan e os Barono. E assim como os clãs, as habilidades estavam esquecidas, poucos eram os que ainda exercitavam magia. No entanto, a morte de Kamael seguida da divisão do território iria fazer ressurgir a sede de luta desse povo guerreiro.

Ano cinco
No inicio do terceiro ano os Conselheiros já estavam nas cidades que lhe foram atribuídas, durante este e o quarto ano eles apenas observaram os moradores de suas cidades irem e virem, foram dois anos nos quais a população ainda se acostumava à nova realidade. Apenas no quinto ano as migrações cessaram. Neste ano, dois dos Clãs das cidades de Agni começaram a primeira de muitas rivalidades que surgiriam por toda Altamir.

Eram três os clãs de maior expressão em Agni, os Lumbre, os Vurr e os Scarlet. Os Vurr e os Lumbre se opunham em tudo, e nesse momento a maior discussão era relacionada ao próximo rei, os Scarlet eram um pouco mais amistosos, afinal, eram na maioria velhos ou bêbados (as vezes ambos). Todos os três eram representados pelo fogo, símbolo de seu poder.

Ainda nesse ano, em Varuna, também se iniciaram discussões no mesmo âmbito, entretanto, os moradores de Varuna eram mais pacíficos e cultos (alguns diriam metidos), nunca chegavam a confrontar-se em público. Os principais Clãs de Varuna eram o Akuana representado pela cura, Kurayuki e Vannsart ambos representado pela água.

Ano seis - Cidade de Agni
No sexto ano aconteceu a primeira coroação, uma cerimônia simples e discreta, assim como tudo na ilha do sul, onde, além dos Conselheiros apenas alguns moradores de Sundra estiveram presentes. Lisianto era seu nome, poucos em Agni o viram. Muitos boatos surgiram então, alguns diziam que era um homem, outros que era uma mulher, tinha os que diziam que era tão poderoso que quando os Conselheiros o viram já sabiam que seria o novo rei.

Um bêbado disse ter visto o novo rei passar, vestido num manto preto e com uma flor roxa presa em seu cabelo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Contos de Altamir #2

Ano 38 da era Kamael - Fortaleza Dourada de Agni
O menino que causou aquela cicatriz em seu rosto transpassando seu elmo apenas com as mãos se tornou um homem, seu olhar calmo após aquela explosão poderosa o inquietava, Kalil lembra bem daquele semblante afoito de antigamente. Fuuno, o garoto que queria vingar a morte de sua mãe estava ali novamente.
Apollyon ergueu a cabeça voltando seus olhos a Kalil. Aqueles olhos vermelhos. Foi a primeira vez que ele os vira, mas lhe pareciam conhecidos, como um déjà vu. Ao olhar novamente a porta, onde se encontrava Fuuno, Kalil notou outra presença, era uma garota. Esta, num primeiro momento se assemelhava a sua própria filha.
Kalil não imaginava como e porque Apollyon estava ao lado de Fuuno, afinal, eles eram rivais em tudo, além disso, reivindicavam para si o mesmo território.
Como não havia sinal de explosões, Apollyon veio só, sem seu exercito incendiário.
Tudo era uma grande interrogação aos olhos do Imperador. Nenhum deles esboçava uma palavra, o objetivo deles era óbvio, não havia mais o que dizer.

Segundo ano da era Kamael - Cidade de Agni
Há um mês atrás anunciaram, os Conselheiros anciãos iriam se pronunciar na frente do castelo de Kamael, na cidade de Agni, onde ele viveu seus últimos anos.
Durante dois anos a população pouco comentou sobre a morte de Kamael, o pesar ao falar sobre esse assunto era muito claro, ele era realmente querido pelo povo. No entanto, durante o ultimo mês esse era o assunto mais falado, em todas as tavernas, feiras, e praças. Tanto na cidade de Agni quanto nos vilarejos ao redor, e até na cidade de Varuna (a outra grande cidade da ilha central no território de Altamir, onde Kamael nasceu, foi coroado e viveu muitos anos).
No meio da tarde uma multidão se formou em frente ao castelo, todos queriam conhecer o novo rei. Ali havia pessoas vindas de toda Altamir. Os pacíficos moradores de Vayu, na ilha do norte estavam em menor número, os incansáveis trabalhadores de Sundra, a cidade principal da ilha sul se faziam presentes também, e um pouco mais numerosos que estes os moradores de Varuna a cidade ao leste da ilha central.
Então, enquanto o povo esperava pacificamente, as portas do castelo foram abertas. Os que estavam sentados se levantavam, as crianças subiam aos ombros de seus pais, os jovens subiam em arvores ou nas muretas, todos com a mesma intenção, de ouvir o pronunciamento dos Conselheiros.
Ao clarear daquela porta selada por dois anos saiu, não sete, mas apenas um Ancião, o que entre eles era considerado mais sábio. Poucos e lentos foram os passos que ele deu até antes do início da escadaria do castelo, onde o próprio Kamael costumava se pronunciar em público. Ainda de cabeça baixa parou. O silencio foi absoluto.
- Em nome de Kamael, e em nome de todos os Conselheiros eu venho perante o povo de Altamir - disse ele erguendo sua cabeça fitando toda aquela multidão - Estou certo que todos aqui vieram esperando a nomeação de um novo rei, porém, infelizmente não é isso que acontecerá nessa tarde.
Ao dizer essas palavras o povo inquietou-se, quebrando aquele silencio anterior. Foi quando saíram da porta os outros seis sábios. Andando em duplas eles foram até atrás do que já falava:
- Hoje é um dia de mudança. Disse o primeiro. Durante o primeiro ano cogitamos quem deveria substituir Kamael, porém, não havia ninguém com méritos para tal, Então após muito pensar resolvemos dividir nosso país.
As inquietações só aumentavam.
- Como vêem. E virou-se para mostrar os que estavam atrás de si. E certamente já estão supondo, cada ilha a partir de agora será governada individualmente, e caberá aos sábios conselheiros, indicar aquele mais adequado ao trono. Após uma pequena pausa ele prosseguiu:
- Cada rei deverá ser coroado em Agni, e deveram ter a aprovação de todos os sábios. Com isso, irão dois Conselheiros ao norte, dois ao sul e três de nós ficarão aqui.
Certamente os respeitados e sábios Conselheiros tinham boas intenções, e a decisão deles foi a melhor solução no momento. Porém, não sabiam no que poderia resultar a independência das ilhas.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Contos de Altamir #1

Ano 38 da era de Kamael - Fortaleza dourada de Agni
No ardor dessa interminável invasão, o imperador imortal, Kalil, permanecia sentado em seu trono erguido pelo ódio, e por sangue inocente. Foi então que, seu poder e sua soberania foram desafiados mais uma vez.
As largas portas que protegiam a entrada da sala do trono de Kalil foram destruídas com um único golpe dilacerador daquelas chamas que pareciam saídas do mais fundo vulcão, chamas impiedosas. O que era antes uma larga proteção de madeira maciça agora eram apenas farpas em brasa e poeira, que caiam pela sala do trono enquanto os olhos do imperador se impressionavam com tamanho poder.
Com esses mesmo olhos, o primeiro rosto que o Lord Imortal enxergou foi evidentemente o de Apollyon, o filho do fogo. Certamente foi ele quem havia pulverizado sua porta. A medida que a poeira e as farpas caiam, Kalil também notou que ao lado de Apollyon estava Fuuno Kurayuki.

Segundo ano da era de Kamael - Cidade de Agni
No ano trezentos e dois da era de Aidlan, morreu aos seus 80 anos, Kamael. O mais poderoso rei da história, invicto em batalhas e conhecido por ser estrategista.
Kamael havia herdado as habilidades de Altamir, seu pai, assim como o trono, afinal ele foi ensinado pelo mesmo, que morreu assim como Kamael, com idade avançada.
Altamir é também o nome deste país, após a morte dele homenagearam o homem que unificou as ilhas trazendo paz e com isso prosperidade ao povo.
Diferente de Altamir, Kamael não teve filhos, a população ficaria desorientada sem um herdeiro da nobre família de Altamir Gilgamesh, no entanto, antes de sua morte ele orientou seus conselheiros para que nomeassem um novo rei.
E durante esses dois anos após o inicio deste novo tempo, os sete conselheiros se trancaram no castelo real para escolher um novo rei.