domingo, 11 de setembro de 2011

Contos de Altamir #31

Ano dez – Grande Arena de Agni

-Pode me deixar aqui – disse Romeu – quero assistir a essa luta.

Felipo deixou Romeu sentado ao lado da porta, no chão. Virou-se e retornou ao centro da arena, vindo na direção oposta que Enric. Akutenshi não estava mais no centro da arena, saiu pela mesma porta que Lara, passando pelo lado de Enric, sem que este lhe prestasse atenção.
Chegaram quase ao mesmo tempo ao centro da arena:

-Que comece a segunda semifinal! – exclamou Levi. E não perderam tempo.

Felipo partiu pra cima, com sua espada gigante. Uma lamina negra sem brilho, que tinha um metro e meio de tamanho por vinte centímetros de largura. Com apenas um gume e punho de quarenta centímetros, ou mais. A espada negra tinha perto da extremidade da lamina, um ângulo até a ponta, na parte sem fio, havia uma concavidade em forma de semicírculo que parecia amolada, e perto do punho, no centro da folha, um circulo vazado.

Um homem grande, quase dois metros de altura, de porte robusto, pele pouco mais clara que a da Enric e cabelo igualmente escuro e curto, correu rapidamente e em linha reta o pequeno percurso e golpeou horizontalmente. Enric ainda estava atinado quando recebeu o golpe, defendendo-o com seu machado. O barulho do encontro daquelas duas armas causou um grande estrondo. Um barulho agudo de metais se chocando, seguido de um grave, referente à colisão daquelas massas de energia.

Os pés de Enric quase se desprenderam do solo, foi arrastado por alguns centímetros para o lado. Ele segurava a arma com as duas mãos e com bastante esforço manteve-se firme. Dali não havia maneira de contra-golpear, então tudo que pode fazer, foi empurrar seu adversário usando o peso de seu corpo. Felipo aproveitou o impulso e parou a dois metros.

-Muito forte... – disse Enric, e respirou fundo.

-Você ainda não viu nada – disse o outro. Enric estava revestido por uma armadura negra completa com detalhes vermelhos. Apenas os pés e as mãos não tinham parte na indumentária metálica. Em sua cabeça, um capacete negro reluzente com detalhes em vermelho, era a peça mais notável de sua armadura. Sem visor, apenas com um protetor na direção do nariz, um desenho em relevo nas laterais que lembrava a pele de um réptil e uma silhueta superior que fazia parecer uma espécie dantesca de lagarto.

Felipo foi pra cima novamente, mas dessa vez Enric também partiu, e ao mesmo tempo aquelas grandes armas se chocaram a curta distancia. Novamente houve aquele barulho.

Monstros... -Levi se arrepiou ao pensar que naquele lugar eles estavam totalmente vulneráveis a todo aquele poder.

Os choques se seguiram repetidamente, e em cada um, o impacto trazia um barulho intenso.

-Quando você vai começar a lutar de verdade? – disse Felipo no intervalo de um golpe.

-Assim que você me mostrar do que é capaz – respondeu o outro.

-Eu já ouvi isso antes, e o resultado não Foi nada bom – Felipo saltava para traz novamente, pelo impacto de um golpe de Enric. Colocou os pés no chão enquanto freava sua trajetória. Ao parar totalmente ele deixou-se cair pra frente, tocando a mão esquerda no solo e posicionando a direita, que empunhava a espada gigante, para traz – Salamandra – disse num idioma semelhante ao comum, mas com um sotaque arrastado, que soava como "Sialamandga". Seus olhos se tornaram totalmente negros e a mão que tocava o solo, avermelhada. Estava numa posição animalesca e Enric parecia realmente impressionado.

Num impulso utilizando os três membros que tocavam o solo, Felipo disparou e golpeou seu adversário com uma força incrível. Tamanha que Enric, mesmo defendendo o golpe, foi atirado contra o muro da arquibancada, destruindo uma parte daquela proteção.

Uma densa massa de poeira se formou e de dento dela saiu Enric em um salto. No entanto, ao ganhar alguma altitude foi atacado novamente por um golpe por trás. Um soco com as duas mãos, que o jogou como uma flecha contra o chão, criando ali um segundo buraco na arena.

E como se não fosse bastante, Felipo ainda no ar fez com a mão esquerda alguns gestos rapidamente, algo como a invocação de uma magia. Retirou o capacete, respirou profundamente e no local onde estava Enric, cuspiu fogo. O fogo negro desceu como uma rajada enfurecida em direção ao buraco que se encontrava o outro.

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