Ano dez – Grande Arena de Agni
Romeu empunhou sua espada com as duas mãos na frente do corpo e Lara fez o mesmo. Ele sabia que aquela era a especialidade dela, o Kendo. Estavam a três metros um do outro. E mesmo àquela distancia, ambos podiam sentir a emanação de poder do adversário. Provavelmente, ali estavam os mais poderosos guerreiros de Varuna.
Lara fechou os olhos em sinal de extrema concentração. Abriu-os novamente e se deparou com duas mudanças repentinas que lhe impressionaram, tirando um pouco o foco de sua concentração.
A espada de seu adversário cresceu, estava agora muito maior que a sua, chegando a um metro e meio e mantendo ainda a mesma espessura. Mas o que mais lhe impressionou, aconteceu com sua própria arma. Ela podia sentir uma vibração na lamina da Katana. Uma força parecia querer sair da arma, o oposto do que foi acostumada a fazer.
Em seus treinamentos, Lara foi ensinada a por seu poder na arma. Mas nesse momento a espada parecia ter poder próprio, ela sentia que havia algo de especial na arma e sabia que poderia usar essa habilidade.
Com os olhos fixos na lamina, ela se recompôs, flexionando perfeitamente o corpo para se por na postura perfeita que lhe era característica. Concentrou toda sua vontade e desejo de vitoria naquele momento e deixou-se ser invadida pela emanação da arma.
- Mizuken... – disse ela. Esse era o primeiro nome cravado na espada. E as outras palavras fluíram de sua boca – Nagareru Furi! – quando terminou de falar ao seu redor surgiu uma aura espectral de cor azulada.
No chão, ao redor dela, se formou um circulo de luz, rodeado de palavras e símbolos de varias linguagens, épocas e lugares diferentes. Os símbolos se desprendiam do chão como centelhas de uma fogueira, enquanto novos apareciam e seguiam o mesmo caminho até chegar ao corpo da moça. Naquele momento a platéia se admirava com o encanto daquela habilidade, enquanto o não tão impressionado, Romeu, também concentrava em sua espada o trunfo que poderia lhe trazer a vitória.
O rosto dele havia mudado, escamas apareceram perto de suas orelhas, e em sua testa surgiram marcas. Do símbolo azul semelhante a um tridente no centro da testa, saiam duas linhas retas na horizontal, que chegavam ao cabelo. Marcas azuis escuro surgiram em seus antebraços, linhas grossas que pareciam ter sido desenhadas aleatoriamente, algumas chegavam até seu pulso.
Ele sibilou algumas palavras enquanto a aura que envolvia Lara explodiu se transformando em pura energia, formou uma esfera de luz ao redor de si e depois se contraiu em seu corpo.
Partiram de encontro ao mesmo tempo, num único impulso. E ao se chocarem uma grande explosão aconteceu, causando uma cratera no centro da arena. Em seguida uma grande e densa coluna de poeira se ergueu e ninguém pôde ver o que tinha acontecido ali por alguns instantes.
Inquietos e curiosos, os espectadores sussurravam nas arquibancadas enquanto todos no camarote central permaneciam em silencio, impressionados. Enquanto a nuvem de poeira se dispersava, Levi se levantou.
Três minutos depois já podiam ver o corpo de Lara estirado no chão, de bruços. Sua roupa estava suja, de sangue e de poeira. Logo em seguida Romeu pôde ser visto. Mantinha-se em pé ao lado dela, observando o corpo caído. Estava sem o manto, e podia-se ver as marcas azul escuro em seus braços desvanecendo e dando lugar ao sangue que brotava de sua pele.
Ainda no chão, Lara fechou os dedos sobre a espada que ainda segurava, como num espasmo involuntário. Seu rosto estava abatido no chão, seus olhos fechados, e sua respiração ofegante.
Não posso perder - pensou ela - Não agora que estou tão perto da vitória. Tão perto do reconhecimento - Sua mente lutava desesperadamente contra a invalidez do seu corpo. Naquele momento critico, Lara deveria demonstrar toda sua força de vontade e se por de pé pra terminar a luta. E força de vontade é o que ela tinha de sobra.
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