quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Reencontro de Anjos - ♛ Cαpítulo II

Agora são 11 horas, acho que finalmente vou me levantar. Nos últimos três natais venho cumprindo um tipo de ritual: Saio e compro besteiras para comer e beber, alguns novos CDs e DVDs, jogos, fico bêbado e durmo no primeiro lugar que me parece confortável. Farei o mesmo hoje já que não é tão ruim no final das contas, lá pela meia noite estou cansado demais para perceber que passei mais um natal sozinho.

Vesti-me com um casaco bege com coisas que pareciam pêlos brancos em volta do meu pescoço, luvas pretas assim como as botas, gorro branco cobrindo quase todos os fios dos meus cabelos e finalmente saí de casa.

- Ei, saia daí seu cachorro imundo.

Como de costume assim que sai de casa o Tenshi, estava urinando em minha porta. Pergunto-me como uma peste dessas pode se chamar “anjo”.

Tive certa dificuldade em abrir a porta já que a rua toda estava entupida de neve. Estava mais fácil caminhar pelo meio da estrada já que em um dia como esse mal havia sinais de carros transitando.

No caminho para a loja de conveniências não encontrei muitas pessoas na rua, assim foi muito melhor, pude evitar os olhares de falsa piedade de alguns vizinhos que sabiam da minha história: Órfão, rejeitado pelos tios, trabalhando em um emprego de meio turno apenas para sobreviver, sem expectativas para o futuro, um exemplo supremo de futuro brilhante.

Assim que cheguei à loja algo, na verdade alguém me chamou atenção antes da entrada, era uma garota. Ela estava parada encostada na parede, usava um desses chapeis femininos bem simples, era rosa e em volta dele um laço preto com um nó bem dado. Estava de cabeça baixa o que me impediu de definir seu rosto, seus cabelos eram brancos e muito longos, parte dele estava à frente do seu corpo alcançando sua cintura, sua pele era muito clara semelhante a neve que caia sobre meu rosto. A cada passo que eu dava me aproximando dela eu percebia como ela era pequena, talvez 15 anos? Não me assustaria se fosse menos. Mas não poderia negar, assim que ela levantou seu rosto parecendo encarar a paisagem fria a sua frente, seus olhos amarelos como ouro e brilhantes como o mesmo, ela era absurdamente linda.

O que aconteceu depois se passou em pouco mais de um minuto, meus passos se tornaram curtos e cuidadosos, ao me aproximar mais um pouco pude distinguir um som familiar, ela ouvia uma música muito alta em um ritmo que eu conhecia mesmo não lembrando de onde. Talvez aquela melodia... A beleza dela... Não sei bem o que me fez chegar tão perto a ponto de quase tropeçar nela. A essa altura ela já me encarava, mas não se moveu nem um centímetro suas bochechas foram tomadas por um tom rosado e ela respirava pela boca, talvez fosse um reflexo meu, pois se me visse de fora com certeza estaria com a mesma feição dela. Nossas bocas estavam tão próximas que a fumaça que se formava em nossas respirações devido ao frio se encontravam e eu conseguia sentir seu hálito. De repente toda aquela cena se desfez em um segundo, fui atingido com uma forte pancada na cabeça e antes de cair de quatro rodopiei algumas vezes levando imediatamente minha mão direita ao local atingido verificando se sangrava e em meio a isso ouvi alguns gritos.

- Hentai, hentai... Suma daqui seu pervertido molestador.

Só então percebi que havia levado uma voadora, e a outra garota - Aquela que me acertou e a mesma que gritava aquelas coisas - puxava o alvo de minha admiração para longe. Estava muito atordoado com a surra para perceber, mas tive a forte impressão de que enquanto ela corria não parava de olhar para trás, e rapidamente a melodia se afastou dos meus ouvidos.

Levantei-me batendo a palma das mãos uma na outra como se tivesse terminado um trabalho bem feito e logo depois batendo em meus joelhos com as mesmas tirando parte da neve que havia grudado nessa parte da calça. 

Olhei em volta apenas para reparar que as poucas pessoas que passavam por ali naquele momento realmente me olhavam receosas sobre eu ser um molestador. Apenas entrei na loja, comprei refrigerantes, sake, alguns pacotes de batatas fritas e muitas outras besteiras afim manter minha dieta extremamente balanceada e tomei o caminho de volta para casa.

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