quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Contos de Altamir #33

Ano dez – Grande Arena de Agni

Akutenshi virou-se para Levi e notou que a figura encapuzada falava ao ouvido do Conselheiro, com a mão em seu ombro, como faz um filho com seu pai. O barulho parou e imediatamente sua atenção voltou-se a arena. Nesse momento, Enric havia se afastado em direção ao alto, flutuando a cinco metros de altura.

Felipo o olhava com toda voracidade de seu coração e Enric retribuía o olhar com o mesmo instinto de coragem intrépida. Ambos sabiam o que deveria ser feito. Dizem os contos antigos que dois grandes guerreiros conhecem o coração um do outro enquanto lutam. Ali estavam não apenas dois grandes guerreiros, mas sem dúvida, os mais poderosos de Agni, quiçá de todo Altamir.

O Salamandra girou sua espada girante na frente do corpo, e encravou-a no chão. Fez alguns movimentos com as duas mãos e as colocou juntas em frente ao rosto com os dedos entrelaçados, enquanto Enric, ainda suspenso no ar uniu lentamente a palma das duas mãos na frente do tronco. E enquanto o fazia, uma espécie de esfera se formou entre suas mãos. O negro fechou uma mão na outra e a esfera foi consumida pelo seu corpo draconiano. Ao seu redor surgiam esferas vermelhas de energia semelhantes a que tinha a pouco em suas mãos, enquanto no chão se via um homem avermelhado envolto por uma aura negra e densa, que fazia vibrar o chão ao seu redor e quicar as pequenas pedras soltas.

Todas as esferas ao redor de Enric se uniram ao seu corpo se súbito quando ele inflou os pulmões penetrando em sua pele como água em uma esponja seca. Toda aquela aura vermelha foi engolida por Felipo em um suspiro profundo de boca aberta.

O dragão fitou a Salamandra que já o tinha como alvo.

Nessa fração de segundo, uma daquelas bolhas translucidas de energia surgiu em volta deles, e logo em seguida, mais duas. Dessa vez, era menor, alcançando apenas os dois guerreiros, perfeitamente esféricas e triplamente resistentes. Poucos ali presentes saberiam dizer de onde, porque e como surgiram, mas todos deveriam estar agradecidos por elas estarem ali naquele momento, do contrario, o que era um grande evento, se tornaria uma tragédia.

Labaredas de fogo negro subiram e de fogo escarlate desceram saídas das monstruosas bocas de Salamandra e Dragão. As esferas de energia, em poucos segundos, se tornaram um recipiente mortal de fogo rubro escurecido, resultado da fusão daquelas energias totalmente destrutivas.

Os mais atentos puderam ver que duas das esferas simplesmente desapareceram, provavelmente não resistiram, e mais quatro surgiram antes que a ultima se rompesse. E novamente, mais três delas foram destruídas, restando por fim, apenas duas.

O interior das esferas manteve-se queimando durante alguns minutos, e a tensão nos espectadores era clara.

As duas ultimas esferas de contenção se dissiparam, quando já era visível a dispersão do fogo no interior. Ainda havia chamas flutuando no ar, como se não precisassem de combustível para se manter acesas (pareciam ter vida própria), mas já era possível ver duas figuras no chão, ambos com feições totalmente humanas.

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