domingo, 5 de setembro de 2010

Contos de Altamir #6

Ano oito - Cidade de Vayu e arredores
-Corram seus tolos, salvem suas vidas...
Foram as ultimas palavras que ele pronunciou, Anolian Ono caiu. Os dois seguidores dele não podiam se mover, o medo travava suas pernas.

Akutenshi ainda segurava a mão direita de Anolian enquanto ele já estava no chão, seu semblante transparecia lamento. Houve silencio durante alguns segundos, logo depois o rei olhou para os que ainda estavam ali, e soltando a mão do falecido disse:
-Que fim lamentável ele teve, poderia ter sido muito útil a Vayu – nesse momento ele já não parecia tão triste, seu olhar plácido estava de volta.
-Vão! Não vejo más intenções em vocês. E avisem aos Ono sobre o fim que leva aqueles que me desafiam.
Virando-se ao seu caminho disse:
-Levem este corpo daqui e o queimem dignamente, morreu aqui um grande guerreiro – era costume naquela época queimar os corpos dos mortos como uma ultima homenagem a vida que tiveram.

Akutenshi saiu andando, primeiro lentamente, mas logo correu para alcançar seu discípulo. Ele quase foi atingido naquela luta, aquele realmente era um ótimo guerreiro, o melhor dos Ono, este foi o homem que chegou mais perto de matá-lo até o presente momento. Anolian sabia que Akutenshi não tinha intenção de matá-lo, mesmo sabendo que três dos seus seguidores haviam morrido. Em seu ultimo golpe Anolian só deixou duas alternativas para o rei, um deles iria morrer, a curva de trajeto do desferido impedia que Akutenshi se desviasse sem sofrer danos, afinal, ele estava sendo segurado. Então, a única alternativa de Akutenshi foi mudar a direção da espada, de seu próprio peito, para o peito do seu adversário. E ele o fez apenas com sua mão esquerda, aquela arma banhada em veneno penetrou dilacerando a carne de Anolian, a morte era certa, e mesmo que não o houvesse acertado tão profundamente a toxina contida naquela lamina o mataria em poucas horas. Anolian morreu pela sua própria arma, isso certamente não iria atenuar a oposição dos outros clãs, porém, o fato dele ter poupado duas vidas de rebeldes mostrava que ele era um rei piedoso.

-Como esperado do rei de Vayu – disse Gildor ao perceber que seu rei se aproximava.
Já estava agora quase dentro da cidade, no início do vale, num lugar onde já havia moradores. O rei e seu pupilo já se sentiam em casa, o aroma aconchegante do lar pairava e o alívio por saber que seu mestre havia sobrevivido àquela emboscada fez Gildor sorrir por um instante.
-Todos eles morreram senhor? – disse Gildor com uma certa empolgação.
-Dois deles foram poupados – disse Akutenshi, e prosseguiu - Não é conveniente comemorar mortes, não estamos em guerra, e mortes são sempre tristes – e fez uma breve pausa suspirando e declinando sua cabeça – mesmo numa guerra.
-No entanto, nem todos os males são lastimáveis – Disse ele erguendo novamente seu rosto.
-Eu gostaria de ter o visto derrotando aqueles atrevidos com suas habilidades.
-Não cheguei a usar magia na luta, se é isso que queria ver... – e sorriu.
Continuaram conversando e caminhando lado a lado até entrar pelos portões da cidade, dali seguia uma rua larga onde até cinco homens poderiam passar ao mesmo tempo e as pessoas cumprimentavam seu rei ao vê-lo. As crianças interrompiam o que estavam fazendo para admirá-lo mais de perto e acenar se ele olhasse.
Sem motivo aparente, uma garota que aparentava cerca de dez anos, de cabelos castanhos e olhos languidos que brincava a beira da estrada com uma boneca, se levantou, fixou os olhos no rei, e tendo seu olhar retribuído, deixou seu brinquedo no chão e foi ao encontro dele. Não era igual às outras crianças que apenas viam um poderoso rei passar por sua rua e acenavam com admiração e respeito, apesar de ser pequena e de aparência frágil, não parecia temer o poder de Akutenshi. Ela não tirava os olhos do rei, e seu sorriso acanhado e infantil se aproximava dele. Ao alcançá-lo, ficou ao seu lado esquerdo e seguiu seu ritmo sem dizer nada.
Akutenshi pôs a mão em sua cabeça acariciando-lhe o cabelo como se faz a um filho:
-Você me encontrou – Disse-lhe sorrindo – Não achei que seria tão cedo.

4 comentários:

  1. Eu não quero filhos, nem filhos adotivos u.ú
    Quem ée? ._.
    Quero o 7 u.ú
    Agora.

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  2. lol, esqueci de assinar, ja que minha acc do google buga aqui, aparece outro nome ._.
    Caio Barcelos.

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