sábado, 20 de novembro de 2010

Contos de Altamir #11

Ano dez - Cidade de Agni

-Não acredite em tudo o que dizem seu velho! Está sendo muito ingênuo.

Ao dizer isso Enric baixou seu capuz. Seu sorriso insolente era uma ofensa para Levi.

-Inscreva-se e saia daqui imediatamente! – o Conselheiro parecia incomodado com a presença dele, talvez pelos olhos, aqueles eram únicos, mesmo não sendo perfeitos, eles causavam-lhe medo. Os olhos de Enric eram de um vermelho incandescente, penetrantes como uma espada e singularmente ameaçadores.

-É o que farei.

Após se inscrever com o conselheiro à direita, Enric se abaixou até próximo do rosto de Levi, encarando...

Ainda Brilham como naquela noite, esses são mesmo os olhos de Enric – seria o que Levi diria, no entanto de seus lábios não saiu nenhum som, o velho estava intimidado por aquele homem que apenas ele dos três conhecia.

-Ainda é o mesmo velho medroso... - virou-se e foi embora.

-Quem era esse?! – perguntou o Conselheiro que o inscreveu inquietando-se.

-Alguém que eu não deveria temer – Levi abaixou a cabeça como se estivesse decepcionado consigo mesmo. Aquela era uma situação atípica, o líder dos Conselheiros de Kamael foi subjugado pelo filho de um bêbado.

-O garoto que se perdeu, e foi cuidado pelos dragões – num tom bem suave as palavras saíram de sua boca, como se entoasse um canto.

-Então é ele? Ele existe mesmo?! Eu achava que esse era um dos cantos que não passavam de lendas... – o conselheiro que o inscreveu enchia Levi de perguntas enquanto ele juntava os papeis e formulários de inscrição.

-Você está certo, provavelmente não passa de uma lenda – levantou-se levando os outros consigo. O fato de Enric ter sobrevivido por dois meses na floresta quando se perdeu dos pais já valeria um conto a se cantar nas festas, no entanto, ele dizia que um dragão cuidou dele, o que tornava a história muito mais interessante, e mesmo que quase ninguém acreditasse na versão do garoto, na primeira festa que tiveram oportunidade os Scarlet cantaram sua história. O líder dos conselheiros foi um dos poucos que acreditou que aquele garoto sobreviveu a tanto com auxílio de um dragão, ele era apenas um garoto, não tinha porque inventar uma história tão mirabolante.

Assim que anoiteceu em Agni os festejos começaram. De certa forma isso poderia atrapalhar os preparativos para a competição que iniciaria no dia seguinte, no entanto a grande maioria não pareciam se importar com isso.

Passada a noite festiva, os Conselheiros se puseram apostos no lugar de costume. Os competidores demoraram a chegar, a primeira foi Lara Akuana. O líder dos conselheiros a cumprimentou com um sorriso amistoso. Após duas ou três horas de espera, todos estavam lá, eram vinte e dois homens e uma mulher. Pareciam confiantes e ansiosos, com exceção de um deles, de capuz escuro, que escondia o rosto a maior parte do tempo. Parecia aflito, mas não chamava atenção para si, poucos perceberam sua agonia.

A primeira etapa da competição pelo trono parecia simples, provavelmente esse era o motivo de toda a confiança. As regras diziam que todos seriam testados individualmente pelos conselheiros nos quesitos: magia, capacidades físicas e inteligência (ou sabedoria como preferiam dizer os Varunianos). E dessa etapa, se classificariam apenas dez, dos quais, cinco de cada cidade. Tendo sido escolhidos, o melhor classificado de uma cidade formaria dupla com o pior classificado da outra, formando cinco duplas para a próxima etapa. Essa foi a maneira mais eficiente que os Conselheiros encontraram para equilibrar a segunda etapa da disputa.

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